terça-feira, 22 de julho de 2014

REFLEXÕES SOBRE O DÍZIMO - PARTE IV

Se todos derem o dízimo, será que não vai sobrar dinheiro na igreja?

Vai sobrar se a paróquia não cumprir seu dever de evangelizar, catequizar e atender os pobres. A Igreja nunca terá o dinheiro de que necessita para atender todas as suas necessidades.
A oferta dizimal que o fiel faz mensalmente à sua comunidade forma a base de sustentação financeira da vida comunitária e da expansão do Evangelho. Podemos supor que, se nossos fiéis católicos fizessem a oferta do Dízimo real à sua comunidade, se as comunidades dessem o Dízimo de suas receitas às paróquias, se as paróquias contribuíssem com o Dízimo de suas entradas para a diocese – que é, desde o Novo Testamento, conforme a teologia do Concílio Vaticano II, a porção do Povo de Deus em que se realiza toda a Igreja de Jesus Cristo – podemos supor, então, que nossas dioceses teriam condições de investir em muitos projetos modernos e ousados de evangelização: compra de rádios e canais de televisão, aquisição de terrenos e construção de templos em áreas de população crescente, envio de missionários para regiões carentes de recursos humanos e financeiros, cursos de formação de lideranças, etc.
Quando, porém, o Dízimo é retido no bolso do fiel ou no caixa da comunidade ou da paróquia, e não passa adiante, fecha-se o canal de comunicação entre Deus providente e a obra da evangelização, e a Palavra de Deus deixa de ser anunciada.

O que é feito com o dinheiro do dízimo?
O dinheiro do dízimo, que nós levamos à igreja vai para as seguintes finalidades:

a) Religiosa – Manutenção da igreja, água, luz, telefone, funcionários, folhetos de missa, livros, toalhas, velas, material de escritório e secretaria, hóstias, vinho, ajuda às pastorais, etc
b) Social – Auxilio aos pobres e aos doentes, promoção humana, apoio à pastoral da criança, pastoral do menor, etc. O bem que é feito com o dinheiro do dízimo é como se fora feito ao próprio Jesus. “Tive fome e me destes de comer”. (Mt 25, 35a).
c) Missionária – Formação de lideranças, formação de catequistas, ajuda ao seminário, missões populares, etc. Assim devolver o dízimo é também contribuir com a evangelização na paróquia.

Pode-se dizer que todo dizimista é evangelizador?
Sim. Pelo Dízimo, os fiéis ajudam a Igreja a cumprir sua missão de evangelizar. Por isso, quem contribui com o Dízimo é também evangelizador. Mesmo que não possa ou não saiba anunciar a Palavra de Deus, mesmo que não possa sair de sua casa e de sua terra para ir pelo bairro e pelo mundo a anunciar o Evangelho, o dizimista é um evangelizador, porque estará sustentando a obra evangelizadora dos agentes de pastoral, dos catequistas, dos ministros, dos animadores de grupos de reflexão. “Quem ajuda a pregação tem merecimentos de pregador”. Quem contribui para que a paróquia possa desenvolver um bom trabalho de evangelização e catequese, tem merecimentos de missionário.
"Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16,15). Evangelizar é a primeira e _self missão da Igreja. Ordenados ou não, se somos parte dessa Igreja, membros do corpo místico cuja cabeça é Cristo, então essa missão é de todos nós, herdada no batismo e individualmente assumida no crisma.
Mas Jesus torna-nos também responsáveis por nossos irmãos. "Amai-vos uns aos outros", diz Ele. "Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos", completa (Jo 15, 12-13). E ainda nos coloca em xeque em relação às atitudes que tivermos perante os mais desvalidos, com fome, com sede, com frio, doentes, aprisionados: "...todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt 25, 31-40).
"...A toda a criatura" - quer dizer, uma missão sem fronteiras, para além dos limites, uma Igreja verdadeiramente missionária. Como Paulo e os outros apóstolos, e muitos missionários, religiosos e religiosas, todos, como membros desse corpo, devemos contribuir para que a obra de evangelização prospere e se irradie.
Nosso dízimo, aquele pedacinho de vida de cada um de nós, ofertado a Deus, vai permitir que Ele se manifeste através da Igreja, pela proclamação de Sua palavra, pela sagrada Eucaristia, pelos sacramentos, pelo socorro aos carentes, pelo trabalho missionário, comprará remédios para os doentes que procuram a comunidade, cestas básicas para as famílias carentes, auxiliará em situações de penúria o paroquiano, sustentará cursos profissionalizantes que permitam aumentar as possibilidades de ganho para os mais humildes, na manutenção de seminários, enfim... na construção do Reino de Deus.
Todo dizimista, pelo simples fato de sua oferta mensal, já é um evangelizador, um liturgista, um catequista e um agente da pastoral social da Igreja. É claro, porém, que não basta oferecer o Dízimo. Quando se abre o bolso para repartir o dinheiro, é porque o coração já foi aberto para repartir o tempo, as qualidades e os talentos, a fim de se engajar na vida da Igreja e na obra da evangelização.

Negar o dízimo não enriquecerá ninguém (At 5,1-11; Mt 6,19-23)
Como lembra Paulo: "Não se trata de aliviar os outros fazendo-vos sofrer penúria, mas, sim, que haja igualdade entre vós" (II Cor 8, 13).
A assembléia dos Bispos do Brasil em Itaici (SP), em 1974, determinou que o dízimo fosse implantado em todas as Igrejas do Brasil. Dinheiro e dízimo não são a mesma coisa. Para dar dinheiro basta tê-lo; para oferecer o dízimo é preciso ter fé e amor a Deus e aos irmãos.

FONTE: Arquidiocese do Campo Grande - MS

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